Pouco mais de 46 mil torcedores disseram adeus ao Olímpico, no último domingo, no Gre-Nal que fechou o Campeonato Brasileiro. O empate sem gols teve sabor amargo para a torcida gremista, que ficou sem poder fazer a última avalanche da história do estádio, além de perder o vice-campeonato para o Atlético-MG. O que se viu nas arquibancadas foi uma mistura de tristeza, alegria, tensão e esperança. Tudo com muita “corneta”.
A tristeza
“Esse é aquele Héber?”, pergunta um torcedor. O árbitro, desafeto de longa data dos gremistas, foi logo homenageado assim que entrou em campo. A cada falta marcada em favor do Inter, a tensão das arquibancadas e do campo crescia. Era o prenúncio de uma atuação muito criticada por ambos os lados, que terminaria com quatro expulsões, quatro cartões amarelos e muitas brigas entre jogadores.
Ao som de “dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Grêmio”, o zagueiro Werley cai na área. O jogo até o momento se costurava amarrado, com muita disputa de bola no meio campo e poucas chances vivas de gol. “Saimon, pior jogador”, diz a corneta ao saber da substituição. O jovem zagueiro entra no lugar do celebrado Werley.
D’Alessandro faz jogada pelo meio e a bola para na cabeça de Leandro Damião, que pula mais alto que toda a defesa do Grêmio, mas cabeceia para fora. “Ainda bem que é ruim”, brinca a corneta sobre o atacante colorado e da Seleção Brasileira.
O intervalo é quieto. O nervosismo é evidente. O time dentro de campo não mostra força, não troca passes, não pressiona, e o roteiro do fim parece pender para um filme de terror.
A alegria
Logo no primeiro minuto do 2º tempo, finalmente a explosão gremista: gol do Cruzeiro. O time azul mineiro ajuda o azul gaúcho e faz 2 a 1 no Atlético-MG. O resultado daria o vice-campeonato ao Grêmio.
No minuto seguinte, alegria maior ainda: Elano recebe lançamento e, ainda fora da área, dá um toquinho por cima de Muriel, que coloca a mão na bola. O colorado leva o cartão vermelho, uma pequena confusão se instala e a torcida vai ao delírio cantando “timinho”, “timinho”.
A festa foi tanta que a expulsão de Luxemburgo, que entrou em campo para retirar os gremistas do empurra-empurra, não foi sentida nas arquibancadas. “Com um a mais tem que ganhar”, decreta a corneta.
Pouco tempo depois, Damião acerta um cotovelaço em Saimon e também é expulso. Ao som de novos gritos de “timinho”, o atacante colorado deixa o campo e provoca os gremistas.
A tensão
Com dois jogadores a mais, a vitória gremista parecia ser questão de tempo. Porém, o tempo passou de aliado a vilão, na medida em que o relógio avançava e o Grêmio não mostrava a organização necessária para pressionar o Inter.
Hora de jogar o time para frente. Luxemburgo ordena a entrada de Leandro. “Vai botar aquele morto”, diz a corneta. Pico deixa o campo para a entrada do atacante e é aplaudido de pé pela torcida.
O Inter monta um bloqueio no campo de defesa e ainda consegue articular ataques, sempre com a habilidade de D’Alessandro em escapadas pelas pontas. O Grêmio não se acha em campo. “Tá difícil…”, resume a corneta.
Sai Fernando, entra Marquinhos. “Bora, Marquinhos!”
A esperança
A partir da entrada do meia, o Grêmio teve chances mais claras, com Leandro, com Léo Gago e uma espetacular bicicleta de Zé Roberto. Índio quase sabotou a sólida atuação da zaga do Inter com um corte que quase resultou em gol contra. Milagre de Renan. Na torcida, um “uhhh, quase!” atrás do outro.
“Meu coração tá disparado. Vou ter que chamar uma ambulância”, se entrega a corneta.
O jogo se aproxima dos minutos finais e quem aumenta a festa, em proporção inversa aos tricolores, são os colorados. O pequeno canto vermelho na imensidão azul fervilha de alegria por sentir o gostinho da água no chope do rival.
A esperança vai para ralo de vez quando Saimon agride o técnico colorado, que havia chutado a bola para longe para ganhar tempo em uma cobrança de lateral. A confusão se instala mais uma vez, rojões são atirados no campo, cães são posicionados, ambulâncias entram em campo. Não parece mais ser cenário de um jogo de futebol.
“É um guri esse Saimon”, lamenta a corneta. A partida recomeça. “Quando foi o Atlético-MG?”, pergunta a corneta. “Virou, 3 a 2”, responde outra. Poucos passes depois, Héber termina o jogo.
As cortinas se fecham no Olímpico. A torcida do Inter provoca e faz uma avalanche na casa do rival. D’Alessandro chama os colorados que comemoram o empate como se fosse um título. Se passam 2 minutos, a torcida gremista finalmente se dá conta de que o final do Olímpico não pode ser triste e canta: “Libertadores!”, “Libertadores!”, “Libertadores”.
A corneta vira uma só voz cantando “vamos tricolor, queremos a Copa!”.
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